
Como se preparar para uma maratona
4 de dezembro de 2020A articulação do joelho é uma das mais complexas do nosso organismo e composta por várias estruturas como menisco, ligamentos cruzados anterior e posterior, ligamentos colaterais medial e lateral entre outras, sua tarefa não é fácil pois além de precisar ser forte e estável para suportar o peso corporal, ela também precisa ser flexível para se adequar à demanda funcional do dia a dia e esportivas.
Tudo isso faz com que essa seja uma das articulações mais acometidas por dores, disfunções ou lesões em decorrência de atividades do dia a dia ou da prática esportiva, seja ela recreativa ou de alto rendimento.
As lesões de Ligamento Cruzado Anterior (LCA) são das mais frequentes na articulação do joelho e podem gerar incapacidades para a prática da sua atividade física preferida, entre os principais mecanismos de trauma para essa estrutura estão os movimentos rotacionais do joelho.
A lesão pode ser Parcial ou Total, onde na primeira apenas parte do ligamento é comprometido, ou seja, ele não é rompido por completo.
Já na ruptura total do Ligamento Cruzado anterior, ocorre instabilidade da articulação que por tempo prolongado pode gerar comprometimento também em outras estruturas como o menisco.
Modalidades esportivas como o Futebol, Basquete, lutas, tênis, surfe dentre outras são desafios para o LCA devido à necessidade de mudanças de direção e deslocamentos laterais constantes no gesto esportivo.
O diagnóstico de rupturas no LCA pode ser observado tanto através de testes clínicos que possuem um alto nível de confiabilidade para detecção de lesões completas quanto em exames de imagem, como a Ressonância Nuclear Magnética, eventualmente necessárias para caracterizar o grau da lesão em casos de rupturas parciais.
Tratamento de lesões do LCA
O tratamento das lesões que acometem o ligamento cruzado anterior pode ser conservador ou cirúrgico e a Fisioterapia tem papel fundamental em ambos os casos.
No tratamento Conservador além do uso de medicamentos para controle de dor e inflamação (prescrito por profissional médico) a Fisioterapia atua de forma à reestruturar as funções musculares otimizando a atuação da musculatura na manutenção da estabilidade da articulação, além de também auxiliar no controle da dor e modulação de possíveis processos inflamatórios.
Algumas variáveis determinam a indicação do tratamento cirúrgico, bem como qual será a via de acesso durante procedimento invasivo. Aspectos como demanda funcional do paciente (atleta ou não – alto rendimento ou amador), riscos cirúrgicos, associação ou não com lesões meniscais, dentre outras questões, são fatores imprescindíveis para a melhor conduta a ser tomada pela equipe multidisciplinar.
A atuação da Fisioterapia no tratamento cirúrgico se dá desde o pré ao pós operatório e tem fundamental importância nesse contexto, seja para promover um adequado fortalecimento muscular e amplitude de movimento no pré operatório para atenuar o risco de hipotrofia (diminuição da massa muscular) e favorecer o reestabelecimento da amplitude no pós operatório.
Pouco adiantará uma cirurgia bem sucedida se a reabilitação não for adequada, podendo inclusive por à perder todo o trabalho realizado causando lassidão do ligamento, deixando déficits importantes de amplitude de movimento, aderências internas, entre outros problemas… Portanto é importante a escolha de profissionais capacitados que saibam conduzir bem o processo de reabilitação e também esclarecer e orientar adequadamente o paciente, bem como o empenho e assiduidade por parte do paciente na realização do tratamento são fatores determinantes para o sucesso da reabilitação.
O tratamento na maioria dos casos deve ser iniciado de forma imediata já na mesma semana da realização da cirurgia, o ideal é que haja consenso entre o médico responsável pelo procedimento cirúrgico e o Fisioterapeuta que irá conduzir a reabilitação, sempre objetivando a boa recuperação do paciente, assim aumenta a taxa de sucesso.
Na reabilitação, o progresso acontece em fases onde alguns parâmetros importantes devem ser respeitados em cada uma delas.
Em um programa ideal de Reabilitação podemos considerar objetivos bem importantes, são eles:
• Diminuir a dor;
• Controlar a inflamação;
• Controlar a cicatrização;
• Reestabelecer a amplitude movimento (ADM) completa;
• Prevenir a hipotrofia muscular;
• Melhorar a força muscular;
• Manter a função proprioceptiva;
• Facilitar o retorno à atividades de trabalho e esportivas.
A reabilitação tem duração de 6 meses em média e uma parcela significativa dos estudos recentes têm apontando para a necessidade de 9 meses de tratamento para retorno ao esporte de alto rendimento, principalmente quando se trata de esportes de contato.
Cristiano Nascimento
Crefito: 208349